Deus e a maldade do mundo


Silvia Kuntz
, de Roma/IT, formada em Jornalismo pelo Mackenzie e Teologia pela Pontificia Università della Santa Croce. Faz parte do comitê organizativo e departamento de comunicação do Univ Congress. Entre em contato clicando aqui.

Não é novidade alguma o fato de existir muita gente que se diz ateu por causa da maldade que existe por aí. Afinal, onde está esse Deus que deveria ser bom e que deixa o mundo ser assim?

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O problema é que geralmente essas pessoas já passam dessa pergunta diretamente para a conclusão de que Ele com certeza não existe, sem tentar responder a questão.

Você provavelmente já ouviu falar nos 10 mandamentos. As chamadas tábuas da Lei que, no fundo não eram só tábuas e também não eram só leis. Aquilo era, e continua sendo, um verdadeiro manual de instruções.

Quando Deus criou o homem, Ele poderia ter feito de duas maneiras.

Uma opção seria criar homens programados para só fazer o bem, tipo robôs mesmo, sem o poder da decisão. Sem responsabilidade. Sem vontade. Sem amor. Seriam bons não por mérito, mas por programação, porque não poderiam ser diferentes. Obedeceriam ao Criador sem nenhum esforço e o mundo seria perfeito. (E provavelmente monótono).

A outra opção foi a escolhida por Ele: criar o homem livre. Livre para amá-Lo. Livre para escolher o bem. Livre para amar os seus semelhantes. Responsável pelos seus atos. Com o poder da decisão.

Você gostaria que uma pessoa te amasse por obrigação?

Acredito que uma das piores situações que alguém pode te colocar, é como alvo de obsessão amorosa. A pessoa quer que você goste dela de qualquer maneira e se contentaria com migalhas de amor só para, ao menos, achar que está com você. E se você não está disposto, ela implora pelas tais migalhas. Dá pena e é muito chato.

Essa pessoa logicamente merece alguém que goste dela de verdade e porque quer. Deus não é esse chato em questão. Ele quer que o procuremos livremente. Quer o nosso amor verdadeiro. Não porque Ele precise disso, e sim porque nós precisamos. Foi Ele quem nos criou, portanto é Ele quem sabe como seremos felizes.

Deus e a maldade no mundo

Costuma-se dizer que Deus quis correr o risco da nossa liberdade. Ele sabia que ao criar-nos livres, alguns de nós iríamos fazer mal uso dela, justamente porque não quis homens-robôs. E, como Ele sabia que poderíamos desviar-nos do caminho da felicidade que traçou para nós, resolveu dar o modo de usar a liberdade resumido em 10 mandamentos.

O que um conjunto de mandamentos pode ter a ver com liberdade?

O clássico exemplo que ajuda a entender essa relação são as leis de trânsito. Essas leis existem para te ajudar a chegar vivo no seu destino.

Pense numa situação concreta. Imagine que você é um pedestre, na Avenida Paulista em São Paulo, horário de pico e quer atravessar a avenida. No entanto, o sinal está fechado para pedestres e aberto para os carros. Se você sair correndo para o outro lado só porque é livre e tem que fazer o que quer, meus pêsames. Além de não atravessar a avenida que queria, provavelmente, no melhor dos casos, você foi parar no hospital que, seguramente, não era onde você desejaria estar.

Se todos se esforçassem por cumprir os 10 mandamentos, todos os problemas da sociedade estariam praticamente resolvidos.

Afinal, são 7 os que tem relação sobre como deveríamos lidar com as pessoas enquanto os 3 primeiros tem a ver com a nossa relação com Deus.

Os filhos tratariam bem seus pais e os pais tratariam bem a seus filhos. As pessoas não matariam, não roubariam, não mentiriam, não trairiam seus cônjuges, não caluniariam e não teriam inveja.

O mal em si não existe

O mal é o resultado da liberdade usada de forma equivocada. Para aqueles que pensaram no demônio como o mal em si, sinto informar que ele foi criado bom e também livre. A diferença é que ele é um anjo e não um homem.

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Só que no caso dele não tem volta, no nosso tem. O ser humano pode se arrepender e pedir perdão, o anjo não. Mas isso já é outro assunto para outro artigo. Por que existe tanta maldade no mundo? Talvez se as pessoas procurassem estar perto de Deus em vez de negar sua existência, o mundo estivesse mais feliz.