A sororidade e a união feminina na prática


Raquel Costa
, de São Bento do Sapucaí/SP, formada em Publicidade e Propaganda, é Artista Plástica e proprietária da Mandalas BEM ME QUEL. Entre em contato clicando aqui.

Depois que ouvi sobre sororidade, a minha percepção sobre a minha relação com outras mulheres mudou completamente. Hoje em dia falamos muito sobre o machismo e a opressão que nós sofremos pelos homens.

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O que a gente comenta pouco é sobre muitas mulheres também disseminarem comportamentos e pensamentos misóginos, não é mesmo? A rivalidade feminina também é mais produto do patriarcado. Vamos entender o porquê.

Nós crescemos numa sociedade cercada de preconceitos e padrões inatingíveis de beleza e comportamento. Somos objetificadas e sexualizadas o tempo todo, julgadas por não encaixarmos em alguns moldes preestabelecidos e sofremos com a disparidade de gênero.

Feminismo: Sororidade e união feminina.

O fato é que, somos condicionadas desde pequenas, a competir com outras meninas e a considerarmos que as outras mulheres são sempre uma ameaça para a nossa carreira, casamento e vida no geral.

Sempre ouvimos que mulheres são invejosas, ‘’roubam” os namorados/maridos das outras e são fúteis. Tem a famosa história de que mulheres se vestem para outras mulheres, na competição para ver quem é mais linda, gostosa, magra e bem sucedida.

Muitas vezes quando um homem trai a namorada/ esposa a primeira pessoa a ser atacada é a amante, não é mesmo? O homem nunca é responsabilizado pela infidelidade. Ou seja, vamos crescendo achando que outra mulher é inimiga.

A sororidade é um conceito que vem ganhando força entre as mulheres.

Mas tudo isso é uma estratégia de uma sociedade de supremacia masculina que estimula esse comportamento para que as mulheres não se unam em busca de seus direitos e não lutem juntas pela igualdade de gênero.

A sororidade e a rivalidade entre as mulheres

Na escola eu participei de desfiles de beleza onde o público masculino decidia quem era as meninas mais bonitas do colégio, dividido em 3 posições: Rainha, Princesa e a Miss Simpatia. Fiquei com a última posição, o que é muito irônico, uma vez que simpatia não é um dos meus pontos fortes.

Não sei se era só na cidade do interior que eu morava, mas na época das festas juninas, também tinha a competição de quem vendia mais rifa para ajudar a escola, a menina que vendia mais, ganhava o título de “Miss Caipirinha”.

Além dessas situações começarem a alimentar essa rivalidade entre as meninas, também ajudava com o surgimento dos problemas com auto-estima e confiança.

Mas afinal o que é sororidade?

Esse termo não é encontrado no dicionário, é um conceito usado para representar a união das mulheres no sentido de “irmandade’’. Sororidade é o trabalho de empatia e solidariedade para se enxergar na outra mulher e desmistificar o estereótipo de que mulheres são rivais.

Feminismo: Sororidade e a união feminina.

Segundo a cientista social argentina, Susana Beatriz Gamba, a soridade é “uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo. É uma experiência subjetiva entre mulheres na busca por relações positivas e saudáveis, na construção de alianças existencial e política com outras mulheres, para contribuir com a eliminação social de todas as formas de opressão e ao apoio mútuo para alcançar o empoderamento vital de cada mulher”.

Mas como praticar a sororidade no dia-a-dia?

Primeiro passo é começar a desconstruir alguns julgamentos automáticos que fazemos em relação a outra mulher, como a forma que a outra se veste, com quem ela se relaciona, sua orientação sexual ou pelo corpo que ela tem.

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Estimule as outras mulheres, que fazem parte da sua vida, a fazerem o mesmo. Aprenda e ajude-as a desconstruir aos poucos esses estereótipos e não permita que as fofocas tomem força. Você não precisa amar todas as mulheres e ser melhor amiga delas, só precisa não julgá-las apenas porque são mulheres.