Gênesis: O início através do meio.


Filipe Trieli
, de São Paulo/SP, publicitário, sócio criador e produtor musical na PANELA, produtora de audio, especializada em trilha sonora para publicidade, cinema e gravação de discos. Entre em contato clicando aqui.
 “Contudo, nunca foi bem estabelecida a primeira encarnação do alferes José Francisco Brandão Galvão, agora em pé na brisa da Ponta das Baleias, pouco antes de receber contra o peito e a cabeça as bolinhas de pedra ou ferro disparadas pelas bombardetas portuguesas, que daqui a pouco chegarão com o mar.”

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Assim começa o livro “Viva o Povo Brasileiro” de João Ubaldo Ribeiro: com a conjunção adversativa “contudo”. Assim como “entretanto” e “todavia”, esta conjunção se caracteriza por ser o complemento de uma ideia apresentada anteriormente e, por isso, nunca está no começo de um texto.

O início através do meio

Pois bem: decidi começar minha primeira coluna para o LOVZ com este trecho, pois quem já teve um primeiro encontro na vida sabe que o começo é sempre aquele momento delicado, em que cada palavra colocada no lugar errado pode ser o início do fim. Então, começar do meio é um bom jeito de começar.

E já que estamos no meio, creio que posso me apresentar: meu nome é Filipe Trielli. Antes de tudo, sou o pai dos meus dois filhos, filho dos meus dois pais. Daí pra frente, podemos elencar, sem hierarquia, uma série de coisas que eu fiz, ou deixei de fazer, e que me trouxeram até onde estou neste momento da vida.

“o começo é sempre aquele momento delicado, em que cada palavra colocada no lugar errado pode ser o início do fim”

Influências musicais na infância

Vamos por ordem cronológica: toco violão desde os 9 anos e guitarra desde os 11, quando ganhei minha primeira Dolphin – comprada de segunda mão pelo meu avô. Desde criança, fui cercado por ambientes musicais diversos: meu pai, com sua loja de discos e seu gosto que ia de João Gilberto a The Who, de Richard Wagner a Pixinguinha.

Minha mãe, pianista amadora de enorme talento. E meus quatro avós, com seus almoços e jantares nos quais sempre havia um sujeito tocando alguma coisa – e cujo o repertório também variava de Paulinho da Viola a Beatles. Por fim, os amigos do meu pai, que faziam encontros musicais sempre alegres e cheios de vida.

Destinado a viver de música

Minha vida profissional começou cedo, tocando em um bar escuro chamado “Espaço Livre”, com uma banda de blues formada por garotos de 14 a 16 anos. Toquei na noite até os 18, em todos os bares, baladas e churrascarias possíveis de Santos, minha cidade natal. Ali toquei de tudo. Tudo mesmo. “O Bêbado e a Equilibrista”? “Alive”? “Dancing With Myself”? “Alma Gêmea”? ”“Dança da Manivela”? Sim. Tudo isso e mais um pouco.

Filipe toca violão desde os 9 anos e guitarra desde os 11, quando ganhou sua primeira Dolphin

Ainda assim, quando resolvi fazer faculdade, achei que deveria me concentrar em algo que “desse grana”. Naquele espírito sogrão de “Ah, você é músico? Mas trabalha com o quê?”. Fui fazer Publicidade, na ESPM, mas o papai do céu não gostou e me deixou duro. Bem nessa época, tive que largar a faculdade para trabalhar.

E qual o primeiro emprego que me aparece? Assistente de estúdio. Daí pra frente, nunca mais larguei essa vida que amo: tocar, compor, cantar, produzir… Enfim, viver da minha vocação. Hoje, tenho uma produtora de áudio em São Paulo chamada Panela, onde fazemos trilhas para filmes, comerciais, jingles, gravamos discos, entre muitas outras coisas.

Um pouco do que está por vir

Nesta coluna, falarei um pouco das novidades, dos clássicos, de literatura e cinema, mas sempre com foco na minha paixão: aquelas 12 notas que nos fazem sair do mundo concreto e viajar por outros inimagináveis e impossíveis de traduzir em palavras.

É dono de uma produtora de áudio, chamada Panela, onde faz trilhas para filmes, comerciais, jingles, discos, entre outros

Fecho esta primeira e breve coluna com esta canção de Luiz Tatit, um dos fundadores do grupo “Rumo”, do qual ainda falarei aqui. Espero que vocês gostem e me acompanhem nessa viagem em busca de nada para lugar nenhum – onde, quem sabe, passaremos por coisas inimagináveis e encontraremos lugares incomuns.

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